Quando passas muito tempo sem (querer) gostar de alguém há uma inércia na vontade de ter interesse. Há um bloqueio na transmissão de sentimentos. É como se o telefone tocasse com um recado importante para o coração, mas a ligação está interrompida e o que se ouve é aquele "tu tu tu tu" característico de que a chamada caiu. Ligo mais tarde? Naaaa.. quem foi ao ar, perdeu o lugar.
E como se volta a querer, a ligar-nos a outras pessoas?
Primeiro, tudo que é novo e que cheira a complicado é para riscar da 'to do list'. Se existe inércia para coisas simples, para coisas complicadas existe um "Não" tão firme que o momento nem fica retido na memória... é o chamado: entrou a 100 saiu a 200.
Bem, o que sinto é tão pouco definido que chega a roçar estranho e novo em mim.
Digamos que saí de uma experiência traumática, onde chorar o leite derramado era tão frequente que me afundei nas próprias lágrimas. Sim sou dramática. E sim, sou de extremos! E sim, no momento que o meu Titanic bateu no fundo eu fiquei lá a chorar pelo embate, por ter deixado. Depois fiquei lá a martirizar-me e a mutilar-me psicologicamente. Já disse que sou de extremos e dramática?
Quando parei? Não sei...
Será que parei?
Acho, de uma forma leve, que reorganizei os cacos e os destroços. Ocupei-me com tudo que podia e deixei que a agenda me levasse a bom porto. O "bom porto" será algum sítio que me faça querer recomeçar. E se nunca acontecer? Se continuar a andar e a rir desta forma, pouco fantástica?
Não sou nada infeliz, pelo contrário. Mas na verdade, na maioria dos dias nem me sinto. As coisas acontecem, eu vou-me rindo e aproveitando os amigos, as danças, o trabalho. Soube construir um muro de felicidade no qual me sento e descanso, mas que pouco retenho. Daqui a 10 anos os meus 28 anos serão uma "branca", um buraco na memória.
Mas sei, lá no fundo e em dias hormonais, que sou tão menos feliz do que poderia ser. Sinto que falta-me saber metade, sentir outra metade... falta-me aquele amor. Aquele que me arrepia, que me faz transpirar e tremer. Aquele que se entranha na memória para sempre.
É duro sabe-lo e ignora-lo e ao mesmo tempo (é terrível agir assim) não o querer. Teme-lo!
Fiquei presa a um chão feito de pouco.
Posso não sentir nada que isso não me incomoda... sinto-me calma. Talvez este estado de alma seja seguro e quentinho, por isso, eu me queira manter aqui para sempre. Mas sei que eu podia ser mais... mas não vai dar. Sinto que não vai dar.
Yap, não vai dar. Cigarettes & Loneliness
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