quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

histórias de pernas para o ar

Por estes dias chovem-me histórias de finais pouco felizes. Olhares vazios. Mãos tremulas. Fico desconcertada com a tristeza dos meus. Faz-me espécie na pele. Fico mole e com uma vontade de baixar o muro que ergui. Fico carente. Fico sozinha nos meus pensamentos. Assombra-me o silêncio.
Foram meses a construí-lo. Tijolo a tijolo. Tive de me desligar e distanciar. Quando essas histórias chegam até mim consigo-me ver através do muro: Lá. De olhos bem abertos e assustados. Braços ao longo do corpo com os ombros descaídos. Cabelo cumprido e sem brilho. De vestido vermelho e sabrinas sujas nas pontas. Pequena. A criança que há em mim olhar o muro. 
Construí! Está construído! 
Às vezes penso em baixa-lo uns centímetros. Baixar as armas só um niquinho. Depois sacudo a cabeça e (re)lembro-me porque o construí. O quanto me doeu a alma.
Sou de perdão fácil. E assim que me permitir a perdoar fico exposta. E volto a sorrir de coração desprotegido. 
(re)Lembro-me que não tenho vontade (e força) para colocar tijolo por tijolo novamente. Empilhar tudo outra vez. Queimar o restolho e esperar que passe. De sabrinas sujas nas pontas. De vestido vermelho. Olhos bem abertos e braços cansados. 
Construí! Está construído! 
A B. reparou. Acho que ninguém me vê tão bem. Sou transparente aos olhos dela. 
Menti-lhe quando me perguntou se estava tudo bem. Não consigo falar. Tenho silêncios.

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