sábado, 1 de dezembro de 2018

“just hang on. It’s the autumn.”

É dentro de um copo. Ou não. Já nem sei se é com pouca água ou com muita. De onde é que vem esta tempestade?
Se calhar, a água é tanta que a tempestade tem razão de ser e eu estava só a negá-la. Se ela me aperta o peito, se me descontrola, é porque existe. Ou se calhar é só mesmo o outono.
Se calhar é o todo. O Todo que é maior que a soma das partes. É um bebé novo. Um namorado novo. Uma violação verbal nova. Um desacreditar constante. A inquietação de quem é competitivo.
Um antes e um depois.
Um sentimento de estranheza e de ausência do que é comum. Só para variar.
Sinto que não posso exteriorizar.
É segredo.
Tudo me diminui aos olhos dos outros. E eu não sei lidar um isso, com o fracasso e a fragilidade. Porque os outros querem sempre sorrisos. Ninguém quer um copo partido na mesa.
Queremos um copo cheio. Com cor. Com corpo. Que faça barulho quando brinda. Que aqueça quem dele bebe.
Como se admite que estamos partidos?
É segredo.
Camuflamos com sorrisos vazios e ausências.
Se ninguém der por  nada, aguentamos até à primavera.
À mesa.
Junto com os outros copos.
A tentar passar por dentro da tempestade.
Porque a bonança existe. Sei vê-la nos outros.
Dizem-me que é preciso saber esperar pelo fim do outono.
E tudo fica bem.
“just hang on. It’s the autumn.”, ECP 

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