terça-feira, 8 de julho de 2014

rugas

Envelheci muito nestes últimos meses. Envelheci muito. Mais do que nos últimos anos. 
Tenho rugas. Rugas pelo corpo todo. São rugas de muitos momentos vividos. Ora amargos, ora doces. Momentos marcados nos sorrisos, nas lágrimas, nos gemidos, nos silêncios, nos olhares, nas mãos que se encontram e cruzam. No abraço que consola, nos lábios que iludem. Momentos marcados nas pregas do rosto, no peito, na barriga, ora cheia ora vazia. Rugas de momentos que subsistem na memória. Momentos que fazem o leme fraquejar, que pregam os olhos ao chão, que fecham o sorriso e embaciam o olhar de lágrima fácil.

Envelheci muito. Há mágoas e alegrias. Foram momentos. Parecem-me distantes agora. Fizeram-me rugas. As rugas ficam, marcam o caminho dos momentos, traçam a vida das memórias.
Há rugas pelo corpo todo. Rugas de quem se deu, de quem o sangue pediu. Rugas que em dia de tormentos despertam saudade no espelho. Rugas que me fazem lembrar-te numa memória que passou, mas que não me saem do rosto, do corpo. Eu sinto-as e elas prendem-me a ti.

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