segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Eu sei que continuas aí.
Eu sei que nunca fomos amigas, houve sempre um desconforto. Nunca o soube perceber.
Não sei  quanto me queres puxar as orelhas, ou talvez pior. Entendo que queiras dar-me muitos pontapés.
Se continuas aí, quero que saibas que quero fazer emendas, mas sei que não posso. Posso sim pedir perdão.

Não me lembro de como começou a inundar-me a cabeça. Onde me humilhei pela primeira vez e te pisei a ti. Não me lembro de ter pensado em ti ou em ninguém só em mim. Fui eu, foi a vontade de o ter, de sentir aquele amor que vivia em mim, foi aí que nos humilhei, quando a vontade se instalou como certeza.
Humilhei-me  e humilhei-te. Magoei-me e magoei-te. Errei, fui fraca. Fui má.

Fiquei estranhamente preocupada contigo, com a tua reacção perante a vida, no teu dia-a-dia. Receei ter ajudado a magoar-te ainda mais, a criar mais tristeza em ti.
Confesso que nunca te vi feliz, em harmonia. Sempre te vi zangada, amuada, rezingona, de resposta dura na mão. Vi-te rir muitas vezes mas sempre de luas, ora de riso enorme, ora de riso contido, ora de cara fechada nos corredores... sempre me foi difícil perceber-te.

Perguntei por ti, sei que estás tranquila. Fico contente.
Eu também quero ficar. Espero que já estejas aí, nesse lugar onde a calma comanda a vida.

Olha, eu estou a sofrer, e aquela alegria estúpida que eu via em mim está apagada. Estou só.
Se calhar tu também, mas acredito que mais firme que eu. Sempre te vi mais firme que eu.

«um dos momentos mais difíceis na vida, são as mudanças de ciclo.
mais difícil com os amores. porque aí envolve mais pessoas. e ao contrário do que muita vez se pensa, não tem a ver com a vontade do novo ciclo. não, tem a ver com o que está a morrer. porque custa foda-se. são mil dúvidas no que podemos ter errado. mas não erramos. é a vida que é assim mesmo. mas rasga. porque há sempre alguém que sofre, directa ou indirectamente. e isso custa.»



Perdão.

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