segunda-feira, 23 de novembro de 2015

1/2 copo

Íamos a subir as escadas. Estava arranjada, de vestido preto e levemente maquilhada. A conversa tinha como base os últimos jantares informais. Haviam dois nichos dentro do nosso grupo de trabalho. Os adultos e os miúdos. Sexta íamos a constatar que estavamos a subir as escadas para um jantar dos adultos. Enquanto subia, degrau a degrau, aquela constatação fez disparar um incomodo interior em mim.

Disse-o em voz alta. Acho que apenas a S. o ouviu (o meu pensamento em voz alta): "eu não me sinto enquadrada em nenhum dos nichos... Tenho de repensar o meu ser!" Sorri.
Ela riu-se. Eu ri-me. A verdade é que fez ricochete lá no fundo da minha consciência.
Quando saio com a ala dos miúdos sinto-me constrangida com tanta hormona no ar envolvente. Com os adultos aborreço-me. Há momentos na conversa que preferia ali não estar.

Por outro lado, algumas pessoas do jantar eram mais novas que eu. Eu sentia-me mais nova que elas em todas as conversas. O que eu tenho e o que elas têm estão em duas margens diferentes do rio.

Sexta-feira causou-me estranheza. Sábado também. Ainda hoje sinto pequenas farpas debaixo das unhas.





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