Quando não queremos muito uma coisa fechamos os olhos com eles abertos. Lemos na diagonal o que deveria ser lido a direito. Marcamos e preenchemos a vida a achar que o fazemos inconscientemente. Depois, aparece na nossa frente. De repente abrimos os olhos. Os que estavam fechados. E sobe a indignação. Como se quiséssemos culpar os outros. E lá no fundo e em segredo, sabemos que é nossa culpa. Mas não há culpa certa, porque no fundo só queríamos essa desculpa para invocar a nossa vontade. Aquilo que era a nossa vontade pode agora ser possível. Não é preciso tanta coragem assim. Podemos sair de fininho sem parecer que era a nossa intenção. Porque, "Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim!" (Balada de Neve, Augusto Gil)
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