Hoje percebi o que
não somos. O que nos separa. O que me tranquiliza! Não sou eu que estou a
perder. Demorei 16 anos. Não sou eu que sou menos. E tu mais. Sou eu que sou o
dobro.
Sou eu que sou
cheia. Tu és só cheio de projecções e fios. Preso.
É o querer dar a
volta o mundo. Virar o Mundo ao contrário, se for para ser. Seremos o que for,
sem ter fim. É eu ter menos do dever que
tu tens pelos outros, que tanto cria um caminho entre nós.
Cheguei aqui. A
este lugar. Devo-o aos meus pais. Comprometo-me pelos meus irmãos. Por uma mão
de amigos. Mas não me limito por eles. Não me prendo ao chão. Não me rendo à
idade e às obrigações. Não sou projecção de ninguém. Sou eu.
Inundo-nos de uma
distância. Somos duas linhas paralelas. Concorrentes. Queremos muito tocar-nos.
Mas nunca vamos acontecer. Porque eu corro ao som do vento. Tu caminhas ao som
de vozes. Eu imagino-me no topo da montanha. Com o nariz gelado. E os pés
quentes. Rodeada de uma alegria. Tu, lutas pelo topo da carreira. Eu quero ser
Maior. Ter o mundo e ter pessoas. Tu queres tudo certo. Com timing. Com ordem.
Eu sou a entropia que tu tanto querias. Tu és um deserto que eu já não consigo
cultivar. O clima é árido. E o tempo mostrou-me que não é isso que quero.
O meu sonho
acordado existe. É para sempre. Um sonho. Estou bem desperta, sobre isso. Foi
um sonho bom.
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