quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Recomeça… Se puderes!

O meu ano começa em Outubro. Não degulo passas nem bebo champanhe. Cerveja e tequilla. Com sorte. Se for um bom ano. 
Não uso roupa nova, nem penso na contagem decrescente. E pensar em subir para cima de uma cadeira porque nas doze badaladas tenho de aterrar a pés juntos no chão... hmmm também não costumo associar.
E não, não penso em me rodear de pessoas às 6.15h da matina. Comer camarão. Beber champanhe e engolir passas secas. Não. Não acho prático.

Mas não nego que, se saltarmos todos ao mesmo tempo, no mesmo compasso, na respiração certa, o chão vibra. E se o chão vibra, nós vibramos. E se contamos todos ao mesmo tempo, em uníssono, essa contagem conta para muita gente. É um novo grito de Ipiranga!
E há uma alegria parva na contagem decrescente. Gosto dela por ela ser assim, inocentemente parva. Em mais nenhuma altura do ano, uma contagem decrescente nos deixa tão contentes. E sim. Há uma ilusão ainda mais parva a roçar o mega-parvo naquelas frases de: 365 dias de páginas branquinhas... prontas para ti. Migucho e migucha! Vai! Sem esforço algum, vai (tirando o da contagem de crescente, uma boca cheia de passas, um copo de champanhe na mão e uma aterragem a pés juntos, vindos de um salto de uma cadeira com 60 cm). Vai que até parece fácil!

(PS: só não se esqueçam do vosso nome, já que vão esquecer de tudo o resto, nesse novo livro com 365 páginas.. não pautado. Para escreverem tudo torto. Mas.. miguchos.. para o ano há mais e podem começar tudo de novo!)

E ainda temos as resoluções. 
Estas não pratico bem. Achei que podia e devia começar  a ter algumas, depois de ouvir várias ideias. Repensei e acho que não compensa. Pensei em trabalhar a auto-estima.  Pensei em limpar playlists que têm nome, He-Who-Must-Not-Be-Named. Mas no caso da música, gosto delas. Parece pagar o santo pelo pecador... e isso não deve ser boa forma de começar o ano.
Ou podia parar de me encher de coisas que implicam organizar e agradar. Mas bem, isso implicava que a resolução fosse, Resolução 2018: deixar de ser Eu. 
Podia também deixar de ser demasiado. Só que ia ser o quê?

O que são resoluções? Essas bandidas servem para nos alistarmos na guerra da mudança, na falta de identidade e na lista, vai e recomeça tudo de novo, a tua existência é defeituosa.

Mas, E Se mudarmos, deixamos de ser isto? Paramos de existir na forma pura do que Somos.

"Esse, E Se, que nos abre o corpo ao infinito" faz-nos despojados e livres? 

"Existirmos, a que será que se destina?” (penso muito nesta menina).

Esse, encher-nos de mar, de pessoas e viagens, faz a batida do coração ser ritmada. Certa. Equilibrada. Livre.

E sendo Livre e despojada, posso ser alguém? E Se eu for ninguém? 

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