terça-feira, 25 de junho de 2013

cacos de consciência

Acho que estou partida em dois. Os meus cacos, os dois têm vontades diferentes, ânimos opostos. Um claramente é dominante, terá certamente um volume superior ao segundo, por metro quadrado de pessoa que sou. O segundo é mais intenso e quando consegue adormecer o primeiro com verdades, sim, é com verdades que ele dá o ar de sua graça... aparece de pantufas e arrasa-me. Hoje arrasou-me. Hoje fez-me voltar lá, ao mastigado e recalcado sítio escuro onde estou só eu, eu e ela, a consciência. Sabe que tenho medo do escuro e por isso apaga-me as luzes. Obriga-me a ficar lá, naquela introspecção que me quebra, que me faz mirar o chão de tristeza... Odeio olha-la de frente, de ser consciente, fria.. de ser menina má comigo... isto chamado "Hoje" foi mau, acabou escuro e sem leme!

"Pode ser que nos guie uma ilusão; a consciência, porém, é que nos não guia." 
Fernando Pessoa

quinta-feira, 20 de junho de 2013

uma questão mental....

Estou decidida a deixar passar por mim tudo quanto me irrita. Depois, assim que a distância o permita, delicadamente, estico o pé e faço uma rasteira psicológica e ponho-me a rir de satisfação imaginária. 
Digamos, de forma a nos entendermos, que é do tipo ou género semelhante a chamar vaca a uma vaca, alto, de pulmões cheios e cordas vocais histéricas. Eu gosto! Além de me fazer rir, depois do acto de gritar ao ponto de agitar a cabeça,  sinto-me bem, e com elas, ninguém me condena, de alguma forma não deixa de ser irónico... e mais, não é de perder a  caricata cara de quem assiste, da mesma forma que será a cara de quem me vir rir de uma rasteira que nunca aconteceu mesmo que seja ela a vítima da minha sátira mental.. muahahahahaha


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Não digas nada...Deixa esquecer

Não há nada pior do que não ter nada para dizer. Fica aquele silêncio denso que quase nos obriga a falar do tempo, a lembrar o Nuno Markl e os seus desbloqueadores de conversa (ou serão do Ricardo A.P.?). 
Têm sido dias de alguns "grandes nadas" para dizer, de algum desinteresse e dor desinteressada. 
Não é porque desgoste da pessoa ou pessoas, é pela imposição de compromisso que advém dali. 
No fundo as confusões que me assombram, os desamores que vivo são porque no final eu continuo só, continuo assim, livre de responsabilidades, livre de me comprometer. Livre de magoar, livre de ver sofrer.
Não é saudável de facto mas é assim, é o meu modus operandi, é involuntário, mas quando olho para trás é bem real... Todos que implicavam possibilidade eu afastei e aqueles que se viam impossíveis eu quis para mim... um mais que os outros, mas assim o foi...
Agora perante esforços alheios à possibilidade de existir, eu nada tenho para dizer e não há nada pior do que não ter nada para dizer e mesmo assim ter de o fazer:

Não digas nada! 
Nem mesmo a verdade 
Há tanta suavidade em nada se dizer 
E tudo se entender — 
Tudo metade 
De sentir e de ver... 
Não digas nada 
Deixa esquecer 

Talvez que amanhã 
Em outra paisagem 
Digas que foi vã 
Toda essa viagem 
Até onde quis 
Ser quem me agrada... 
Mas ali fui feliz 
Não digas nada. 

«Não Digas Nada!», Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

quarta-feira, 12 de junho de 2013

ginga ginga, cintura de vespa

Voltamos. Cheias de emoção. Cheias de histórias. Cheias de risos. Cheias de alegria. Cheias de bons momentos... Cheias de french fries… Voltamos.

4 noites, 5 dias de boas memórias, de frenesim e de “ginga ginga, cintura de vespa”, de piadas com qashqai. E o cash caiu.

Porto. Eindohven. Excitação. Bulldog. Risos. Estalos no cérebro. Red street Light. Qashqai. Bélgica. Road trip. Antuérpia. Dormir de pé. Brugge. Snuffel Backpacker Hostel. Flirt com o bartender. Hugh (Heath) Ledger. Olhar de artista. Modos desajeitados. Nervosinho quando pressionado por 5 mulheres. Free tour de olhos regalados. Lindo. Americano.Olhos rasgados. Canais. Barcos. Escadas nos telhados. Fries. Beer. Waffles. Fries. Beer. Beer e fries. Happy hour. Viva la Espanha. Damas com copos de cerveja. Lavagem sexy da mesa. Banho de água fria. Balneários mistos. Corrente em vez de torneira.  Gent. Davy. Saudade. Jantar português com o Hugh chamado Mickael. Festa. Piadas. Felicidade. Vergonha. Tridominó e bilhetinho. Risos. Muitos risos. Mais vergonha. Correr um país em meio dia. Correr pelo avião. Taxista. Burro. Muita emoção. Greve francesa. Lágrimas. Ufa. We did it!

Voltamos! Foi bom! Muito Bom! Vim feliz e com vocês aqui, bem marcadas no meu coração.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Sonho. Não Sei quem Sou

Ando numa vida de noites mal dormidas. Ora porque sonho com discussões políticas entre mim e as cadeiras vazias, ora porque a ansiedade das férias que começam já amanhã me atacam... ora porque sonho com o beijo.

A viagem começa amanhã, vamos rumar à Holanda, as quatro em busca do quinto elemento. Depois, juntas e já as cinco, vamos partir para a Bélgica, visitar o sítio do mundo onde fui mais eu, onde tenho memórias boas, tão boas que quero voltar... e que um dia quero ficar.
Quando voltarmos faço as contas e o balanço de cinco dias em terras minhas.

Depois é a política que me aflige, porque penso eu, nunca me preocupou tanto porque nunca o quis tanto, e no meu sonho eu estou sempre sozinha a falar para as cadeiras altas, de pinho, cheias de ordenados e de assento vermelho aveludado. A mesa tem uma toalha branca em linho, cheia de croché nas pontas... Toda a sala é antiga e familiar, mas no sonho não me sinto em casa, sei que não pertenço ao espaço, que sou visita e que tenho algo a provar.

E o raio do beijo? 
O beijo, esse momento de desespero (talvez seja essa a palavra que representa melhor o momento) é me sempre doloroso, tenho a sensação que o nego, que o evito mas que acontece sempre. Não devia ter desejado mais, pedir mais, ou mesmo ter permitido. Não devia! Os abraços ainda me perseguem, ainda sinto as mãos nas minhas mãos. Sinto que perdi tudo ali, naquela noite e que não vou voltar a ter porque certamente, nunca foram esses os fados traçados para aquelas mãos, aqueles lábios e para aquele abraço... pois nada me pertence.

No final, nas manhãs que se seguem ao tumulto das noites, não me sinto cansada de tanta volta entre lençóis, rejeições de pensamentos e sonhos. Sinto-me intrigada por saber processar e nem por isso andar para a frente com tudo. 


Sonho. Não sei quem sou neste momento. 
Durmo sentindo-me. Na hora calma 
Meu pensamento esquece o pensamento, 
             Minha alma não tem alma. 

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo 
Parece que erro. Sinto que não sei. 
Nada quero nem tenho nem recordo. 
             Não tenho ser nem lei. 

Lapso da consciência entre ilusões, 
Fantasmas me limitam e me contêm. 
Dorme insciente de alheios corações, 
             Coração de ninguém. 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

domingo, 2 de junho de 2013

2 am

Fico um bocadinho atada do cérebro com acidentes de automóveis, principalmente quando eu estou envolvida. Fico gelada e o meu cérebro também... Tenho muito medinho!!
Ontem vinha eu no carro de uma amiga, que por sinal conduz muito mal e me obriga a segurar-me à porta como se aquela porta fosse um escudo de protecção e dela dependesse a minha vida. De repente ouve-se um grande estrondo e ela grita:
-Caputou!
Eu em pânico começo a olhar à volta confusa, apalpo-me e não me sinto de cabeça para baixo, a medo pergunto: 
-Quem? Nós?
Ela incrédula a olhar para mim, eu a olhar para ela e ela volta aos gritos e diz:
-Tás parva. Liga o 112!
Eu ainda mais demente digo:
-Quem? Eu? Como?
Ela sem entender o que eu dizia deu-me o telemóvel para a mão e marcou 112, enquanto encostava o carro, uma vez que eu continuava em pânico agarrada à porta. Entretanto já tinha percebido que era o carro de trás a causa de  todo o cenário, mas nem por isso deixei de tremer.

Saí do carro aflita com o 112 do outro lado da linha, que insistia na pergunta «há feridos?». Corri até ao carro que já tinha uma porta aberta, tremia por todos os lados, e perguntei ao um jovem que estava junto ao carro se havia feridos.
Ele disse-me que não, e estranhamente havia um segundo individuo dentro do carro a fazer qualquer coisa. Voltei a perguntar se ele estava bem, enquanto que o senhor do 112 me dizia que ia enviar um carro patrulha, uma vez que não havia feridos. Desligou. 
Fiquei intrigada e mantive-me na espreitar... Quando o meu espanto, percebo que o segundo individuo estava a recolher material ilegal do carro... prevenindo, antes que a policia chegasse.

Voltei ao carro, ainda a tremer e sem saber o que pensar do que acabara de acontecer-me às duas da manhã de um tranquilo (até ali) sábado à noite

Moral da história? 
Como diz a minha mãe: «Não uses meias rotas, não sabes se acabas no hospital!».