terça-feira, 27 de novembro de 2012

tínhamos só 17 anos

«Algumas histórias começam pelo fim, a maioria pelo início.
Os grande livros começam pelo meio, vão explicar-nos o início e terminam quando nos deixam a sonhar com o fim. 
O fim é sempre o lugar onde queremos chegar um dia. Não tem de ser já, não é preciso ser já! Não quero lá chegar ainda. Os entre-tantos têm de ser vividos e apreciados, entre o Início e o Fim estamos lá, nós, crus! Queremos saber amassar o pão, queremos sentir a felicidade nas pontas dos pés, queremos saber-nos bem a lutar por isto, por nós, pelo ar, por seja lá o que for. 
E o início parece termos dado os mesmos passos, usado o mesmo pé, rir do mesmo e brincar da mesma forma, tu de caneta na mão e eu de pescoço riscado. Parece termos dançado o mesmo pulsar enquanto sonhávamos. Ainda hoje me faz sorrir a minha alegria por te ter ali, sentado de olho em mim. 
Mas naquele início ficou marcada a mesma insegurança e o mesmo silêncio. Trocamos olhares, vontades e sonhos sem nunca o revelarmos... o nabo e nabiça! Dormimos juntos, sonhamos juntos, quisemos juntos, perdemos tudo, juntos, mas ainda o lembramos, juntos!
Depois do início começamos os "entre-tantos" e estes foram vividos separados, a distâncias bem medidas pelo sentimento de fracasso para mim e de confusão para ti. 
Tu caminhaste em frente, eu deixei-me ir ao sabor do vento. Tenho a sensação que nunca caíste no desespero de não ver o caminho, sinto que nunca viste horas negras, sinto que não conheces o vento frio nas faces e o medo de não saberes aquecer-te e remares sem rumo. Pareces-me sereno e equilibrado, não pareces eu... e que bom que isso me faz sentir.
Pareces bem assim, sem mim. Vi-te olha-la como queria que me olhasses assim, à procura do meu olhar, depois apenas a saber ver-me.Vi-te bem e sorri! 
Fiquei bem por ti, por te sentir feliz, mesmo que sem mim. Eu errante e tu bem! Vi que era certo para nós, da forma mais distorcida, sem mal nenhum! Que estejas bem que eu não estou mal.
Vieste ter comigo num tropeço dos "entre-tantos". Quisemos trocar gostos.
Ouvi a tua música e quis vive-la contigo e aos poucos, senti que tu comigo. 
Ainda estamos a meio dos "entre-tantos" e não peço nada. Mais do mesmo é bom, é mais do que tive até hoje.
O fim? O fim sonho-o sem o desejar! 

"Em frente à lareira, de pantufas quentes, confortavelmente na poltrona, de mantinha e gato no colo, a ouvir a grafonola tocar Penguin Cafe Orchestra e com a tua mão na minha, os meus dedos seguros nos teus, tu comigo e eu contigo, o teu amor e o meu, velhinhos". Velhinhos porque era o fim da história mas não de nós!».



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