Adoro o programa! Hoje venerei o programa!
A voz voz límpida e sedutora do Pedro Lamares fez-me pairar nas ondas das palavras... ainda mais com o bónus daqueles olhos, do rosto dele, da expressão delicadamente unida ás palavras. Derreti-me! Derreti-me ao ao longo de uns míseros minutos que assombraram a minha alma com um dos mais belos poemas do Pessoa.
E Sim! "O que for, quando for, é que será o que é", e assim se aproxima a Primavera.
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria E a Primavera era depois de amanhã, Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" - Um poema por semana, RTP com Pedro Lamares
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