sexta-feira, 8 de março de 2013

route 66


Ontem dei por mim a não dar-me conta que tinha um objectivo, ou que tínhamos um objectivo. Dei por mim ausente de propósitos, dei por mim alheia ao que me propus, ou melhor, dei por mim incapaz de me lembrar do que prometi pensar, sobre o que me propuseste. 

Deitei-me com o sentido que hoje queria escrever sobre esses 10 minutos em que não estive consciente, sobre esses minutos em que me deixei ir.

Hoje já no carro não quis ouvir Jassie Ware e o seu Wildest moments, deixei o acaso guiar o meu momento musical de casa ao laboratório

Voltei lá, aos 10 minutos:
Estava eu na Route 66 de lenço ao pescoço, cabelo selvagem e baço do sol, do pó e da exausta e alucinante viagem que foi chegar ali, ao cadillac ranch
Jeans rompidos, rasgados, mais largos do que deviam ser, porque curtir é bem mais importante que comer. Camisola justa, a famosa manga cava de algodão, com vestígios de terra no branco que era suposto vestir-me. As All Star azuis, sujas, rotas, companheiras.
Sardas, muitas sardas: na cara, nos ombros, nos alvos fáceis do sol. O riso da aventura impresso nos lábios e o vazio de regras, sem objectivos, de sentidos abertos e muitos gritos de alegria… Just ride.
Etapa por etapa, da Califórnia a Chicago de braços no ar, de vento na cara, de cabelo solto, de liberdade em mim. O meu coração bombeava para aquilo, para os meus sentidos sugarem cada estimulo que a aventura fez em mim. De alma limpa!

Foram 10 minutos assim, em transe e fui dormir, se calhar a Amorim falou nisso e a minha vontade fez o resto. Hoje mudei de música, sem ter muita consciência, mas fiz-lo, voei novamente e quase tive um acidente com a distracção.

Mudam-se as vontades, mesmo que os tempos insistam em não o fazerem... sente-se o burburim da mudança para onde quer que olhe.

Sem comentários:

Enviar um comentário