Adormeci de mal com o mundo e com a ideia de não mexer muito a cabeça para não estragar o cabelo, pois a apresentadora tem de do mínimo ter imagem, basta conhecer a Cláudia Vieira, boa cara, pouco conteúdo, para perceber o conceito.
Nas dez horas de sono tinha ainda detritos de um dia a carregar bancos, a decorar mesas, palco, restos de cola quente nos dedos e dentes com bocados de fita cola. Detritos de desilusões e sentimentos pouco felizes.
Acordei de tromba gigante que se arrastava comigo e deixava o rasto no chão ao longo de toda a casa. Resposta torta ao pai, resposta desinteressada à mãe, cara de poucos amigos e olhos inchados para todos. Acordei com "os pés de fora" e ser apresentadora numa festa de crianças a engonhar de saltos altos, com um vestido que me deixava meia coxa de fora causava-me ainda mais agonia. Era o coordenar crianças, birras, pausas, percalços e pais... que situação, só de pensar nela, bolas! Era a última coisa que eu queria.
Lógico que não havia muito a fazer a não ser fazê-lo.
Então de microfone na mão, improviso na outra, acabei por esquecer que o dia tinha começado desajeitado e passei a saber divertir-me comigo mesma, com o risos dos pequenos e a bagunça de uma festa.
Fim de festa, crianças fora, ficou o sossego e a desordem. Na desordem de tanta fartura decidimos distribuir os alimentos por aqueles que aqui, neste pequeno pedaço de terra com pouco mais que 3000 habitantes, têm necessidade. No fim trouxe a tristeza comigo, diferente da que acordou ao meu lado, mais dura, mais real, menos minha, mas tristeza à mesma.
Mais uma vez percebi que as minhas birras deviam ter vergonha de si mesmas e mudarem de rumo. Talvez a vida não seja simples mas nela precisamos de simples coisas, e uma dessas coisas é família, é o suporte. Ás vezes basta a família para nos libertar da pobreza. Aqueles que mais sofrem estão sozinhos, é uma solidão que mata, é a solidão que assusta e nada traz de bom.
Voltei deprimida ao calor da casa!
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