quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

vem fazer de conta

Tentando manter em mim uma certa consciência de que é cada vez mais difícil esconder-te, ainda assim, queria-te mais meu, porque corro sempre que alguém percebe que existes. Não tenho vergonha de ti pequeno, não, não tenho! Tenho vergonha de parecer diferente, transformada no mundo das letras, e de causar expressões faciais seguidas de um "sobreolho levantado" em verdadeira haste, como quem estranha o diálogo, a tombar para o monólogo, ainda mais quando estes acontecem com um cão.  
Mas caros leitores e querido pequeno, isto não veio do nada, antes de ti existiu uma parede de um quarto, e quando a parede teve de sofrer uma pintura, existiu o caderno, existiram as folhas soltas, as solas das sapatilhas ou mesmo as calças de ganga enquanto estava sentada numa esplanada.
Sempre foi uma necessidade aparvalhar com palavras ou rabiscos, nunca consigui deixar os pensamentos desvanecerem com o tempo, tenho de os marcar aqui e ali, porque eles existiram e consumiram-me, fizeram parte e a maioria continua aqui, em mim!
Mas pequeno não temas, tudo trás jogos de cintura e tu não foges à regra: o problema de seres público é o mesmo o problema de crescer. Quando crescemos deixamos de ser espontâneos  medimos o que dizemos, pensamos duas vezes, agradámos quase incondicionalmente porque temos "educação". Depois a hormonas e a educação trazem as restrições.  
Se és crescido podes deixar de ser autentico, mas pequeno, para já não, ainda não, ainda és uma criança e as crianças são como os bêbados, não têm consciência, portanto tudo é certo.
Tu ainda és certo, como muita coisa aqui, ainda vives em mim. 



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