sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Només #3

"Subimos os dois e ela ia feliz a contemplar a vista e a perguntar-me o que era aquilo pequeno, se era ali o Arco do Triunfo, isto e aquilo. Atingimos o topo! «Já viste que lindo! Que lindo! Mas custa chegar aqui. É quase como uma curta-metragem da vida. Começamos excitados com a ideia de subir, vamos sentindo desânimo com a ideia de sucessivas escadas e a dada altura, atingimos o topo de nós e tudo é perfeito.» Tinha um sorriso maravilhoso e eu contemplava-a! Gostei de ver o bom momento que ela vivia, notava-se claramente que estava feliz e mais madura, ciente de si mesma.
Dei-lhe a mão e ela encostou a cabeça ao meu pescoço. Estivemos ali uns minutos apenas a ver Paris, sem nada dizer, em silêncio connosco, a sentir-mo-nos bem.
Começava a acumular-se gente e já estava a ficar caótico o espaço e ela olhou-me e eu percebi que era um “vamos”. Descíamos as escadas e ela ia a cantarolar La vie en rose a música que ouvimos pelas ruas, aquelas para turistas que os Parisienses tocavam de acordeão e eu parei a rir-me. Ela rodopiou de sorriso nos lábios. Alcancei-a e segurei-lhe a magra cinta. Ela encostou a testa na minha testa, o nariz dela no meu nariz e num movimento balançado das nossas cabeças, beija-mo-nos. Foi como no primeiro beijo, devagar, devagarinho e sentido. As mãos dela estavam a passar-me levemente pela nuca e eu tinha-a bem segura em mim. Levamos um encontrão forte de um turista e larga-mo-nos. Olha-mo-nos e sorrimos, voltamos a encostar as testas e Cármen agarrou-me na mão e puxou-me. Descemos as escadas numa correria e risadas, parecíamos os dois adolescentes de 16 anos, a descer os Clérigos em dias de cortejo académico. "

Sem comentários:

Enviar um comentário