domingo, 13 de janeiro de 2013

pesadelos

Sonhou que eram engolidos pelo que pareciam areias movediças. Sentiu que perderam o tempo, a oportunidade de serem épicos. O tempo engolia-os, como castigo de quem hesitou por inúmeras razões, mas nenhuma delas foi válida para o tempo. Agora eram enterrados ali, porque nunca realmente ele a quis e ela quis de mais. A ele, areia afundava-lhe os pés. A ela caía-lhe em cima, caía entre eles. Estavam numa ampulheta do tempo e ela saltou, agarrou-se para ir com ele. 
Ocorreu-lhe que saltou sem saber-lhe a cor dos olhos, castanhos talvez, por medo nunca os olhara e agora era tarde. Nunca o beijara como nos filmes, e agora já era tarde. O olhar dela olhava-o, a ser engolido pelo tempo, e mesmo assim, ela agarrada a ele, sentia-se sem ele.
Acordou quando o tempo, a ampulheta acabou. 
Não foi o primeiro pesadelo dela,  mas abalou-lhe a alma.

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