quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

aka: Canal da Mancha

Tenho um indiano ao meu lado, mudou-se ontem e isso incomoda-me. Ter um tailandês à frente não, não me faz diferença nenhuma. Era como ter a Belinha-ó-Xata ao meu lado, nem me lembro que está ali. Agora tenho um Xamuças-ó-estranho, não há como esquecer: está sempre em pausa para fumar, o cheiro não o larga!

Aqui estamos divididos em ilhas, 6 secretárias por ilha, a sala tem 5 ilhas, somos o Canal da Mancha, desprovido de algumas ilhas. Ora na minha ilha é a Sark, é lá que me gosto de imaginar. 

Aqui, eu vivia em paz. Com o barulho dos phones, a paisagem verde do parque que nos abraça, sempre que levantava a cabeça para a janela, a brisa reciclada do ar condicionado, mesmo aqui por cima de mim, sempre que inalava fundo. Agora não. A cortina está fechada, a brisa é quente e cheira a tabaco, os phones são os mesmos, mas o todo é maior que as partes. Sinto-me na Republica Dominicana!

Isto aqui: grupo de investigação de excelência tem ilhas mas também tem bandos de aves migratórias. 
Não são muitos, são um bando de estrangeiros, que alguns teimam em deixar-se ficar, como o indiano. Dizem por aí, por esses corredores fora, que ele é o indiano mais ocidental que por aqui passou. Não conheci os outros, não o sei. 

Este aqui é estranho, ponto. Está cá há quase uma década, joga críquete, tem tendência a achar-se animal social e é preguiçoso ao alto nível da Preguiça.

Acho que o choque entre culturas é enorme e acaba por se tornar obstáculo. Têm pouca sensibilidade com mulheres, é o maior impressão que me causa. Lembro-me que em Gent vivi com um, foi uma das razões para trocar de casa. O ataque diário de eu ser mulher. Somos mais fracas aos olhos deles e por isso vêm-nos como alvos. Começou pelo questionário sobre mim, em tudo. Acabou comigo a mudar-me. Nunca mais lhe falei. Freak

Este aqui já me pôs à prova, bocas dúbias comigo não! Como eu sou de radicalismos e ainda trazia alguma desconfiança, cortei-lhe as asas e dei por terminada a sessão. 

Sou amável quando tenho de ser, simpática quando tenho de o ser e apenas e só. Leu-me a mão, tentou aí, desculpar-se por outros dias. Deixei, afinal, todos erramos, mas confiança para me sermos bons colegas de trabalho, que trocam prendinhas no natal, não!

Trago má fé neles. Já o tailandês parece me impecável, sempre de bom dia preparado para mim, de sorriso agradável, gosto mais. A ele deixo-o viver na minha ilha. O Xamuças não, nos portões da imaginação não entra! Está no alpendre da ilha e que não diga que vai daqui.

Sim, sou uma óptima pessoa para se partilhar ilhas. Nota-se!





2 comentários:

  1. "Está cá à quase uma década" - falta um "agázito"...

    Seja como for, sff apaga este comentário do teu novel fã, tanto mais que ainda estou a descobrir a relação entre Guimarães e as ilhas - aliás, já telefonei ao Afonsito a perguntar... mas sem resposta, claro, o tipo desculpou-se com a morte - há gajos que têm desculpa para tudo!


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  2. Irei corrigir, mas o comentário fica :)

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