segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Strokes: Someday


Estamos em contagem decrescente e ela acha que nada mudou. Em boa verdade é real, nada mudou! Veio de viagem com isso na bagagem. 
Ocorreu-lhe na viagem, nas longas horas encolhida num banco, de phones nos ouvidos, sapatilhas a matar-lhe os pés e sem posição para embalar no sono. Ia a ouvir a playlist, de alguém que salta de estilos mas nunca deixa de se derreter com o mais doce que o Folck tem para dar, e enquanto balançava com Flapper Girl, ao mesmo tempo tentava ignorar que haviam mais 30 pessoas a escassos metros e que todos eles respiravam o mesmo ar e inundavam-no de pensamentos, ou não, porque há pessoas que se deixam ir, sem tempo de se dedicarem a elas ou à música, principalmente a si mesmas. No meio de tanta coisa incomodava-a muito escolhas musicais, pois ela não entende como a MegaHits pode satisfazer o coração de quem seja. 
Bem, tem a certeza que algumas pessoas dedicaram 4:30h à tv7dias, ao José Rodrigues dos Santos e os seus livros de histórias pontuais, leitura fácil mas bem sucedidas e à paisagem pouco interessante que a A1 tem para oferecer.
Mas ela não! Ela processou o último ano, ela analisou-o e esmiuçou os momentos de viragem, os momentos de alegrias, risos e os momentos de lágrimas, descobriu-os e aceitou-os. 

Lá ia de mãos dadas com o compasso de cada melodia e a cada mudança de faixa a mudança tema era natural, e ela abraçava assim instintivamente os 4 minutos e pico, ouvia cada palavra, murmurava-a e trazia-a a todas as memórias que se associavam e que vinham ao encontro das entre-linhas da música de um alguém desconhecido que fazia sentido deste lado, neste ouvido dela.  
Assim que entraram os Snow Patrol lembrou-se deles em frente ao palco, ela ás cavalitas dele à procura dela, onde ela poderia estar! Lembra-se de a ver. Lembra-se da agitação de a ver chegar. Lembra-se de Run e como foi bom de ouvir. Lembra-se de ter adorado e da satisfação que foi. 

Quando os The kooks começaram abanou a cabeça, não havia muito para ouvir ali. Não naquele momento! Era banda de verão e estamos na estação dos primeiros arrepios de frio, do calor de um casaco ou do raio de sol entre as nuvens, no tempo do chá e das meias felpudas. 
Parou, mudou para Mi Amigo dos Kings e fechou os olhos, deixou Lisboa para trás e o bom que foi. Esqueceu o Bairro Alto, o Castelo e a Praça do comércio. Esqueceu a Baía de Cascais e o Rossio. 
Deixou a terrinha envolve-la e fazê-la sentir em casa mais uma vez. Partilhou o relato do clube dela  na volta e sorriu à partilha de vidas na viagem de ida. Sentiu como conhece tanta gente de coração tão diferente do coração dela. Gostou de saber que há tantas maneiras de ter um coração.  

Foram dias de Mi Amigos!
Missis Freckles vem serena: é o tempo, não a idade!

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