sábado, 29 de dezembro de 2012

Reflexão: O sr. 2012 (com banda sonora)

De uma maneira, sem muito elaborar o texto, a reflexão (musical) vem em forma de lista disfarçada:

«1 de Janeiro de 2012 tinha ela os pés em Londres e um corpo cansado de uma passagem de ano de frente para a London Eye, rodeada de amigos internacionais que viveram com ela uma das melhores fases que ela tem memória
Depois de Janeiro, entrou na casa de estranhos e adorou Mi casa es tu casa. Veio o que se segue, o Fevereiro e por aí fora, e sem esquecer, um acidente de carro no Carnaval. 
Fecha os olhos e tenta lembrar-lhe o que a marcou ainda mais. Foi Maio, de pulseira de luz rosa no pulso, as primas em cada braço, rumou ao Dragão para dançar, cantar e apanhar a molha da vida dela.
Lembra-se de ter visto amigos que já não via à muito tempo, de estreitar laços com outros e fazer novos amigos. Lembra-se de ter entrado na loucura de ser uma La Fura dels Baús e como amou a adrenalina de estar a 60m de altura com o mundo ao contrário. Lembra-se de ter sido um ano de muita música, como não teve outro. Esteve Alive em Oeiras entre amigos e como saltou! Lembra-se do Manta.
Lançou-se a Barcelona com a M., viu o Dani e a Ale e banhou-se no mediterrâneo pela primeira vez.
Fez a maratona de series com a M. e a Lu, no sofá ao sabor de Lost.
Setembro foi o mês errado, de equívocos, nada de bom aconteceu por lá. 
Outubro o mês dela, juntou os amiguinhos e fez a festa
Depois veio o Novembro e o Dezembro cheio de amigos e com muito J. à mistura. 
Sr. 2012 foi bonzinho na grande maioria dos 365 dias e Freckles agradece. Quer abrir asas e voar mais.»

"Caminhante, as tuas pegadas
São o caminho e nada mais;
Caminhante não há caminho,
O caminho faz-se ao andar.
Ao andar faz-se o caminho
E ao olhar-se para atrás,
Vê-se a senda que jamais,
Se há-de voltar a pisar.
Caminhante não há caminho,
Somente sulcos no mar." 
 A.M.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Només #3

"Subimos os dois e ela ia feliz a contemplar a vista e a perguntar-me o que era aquilo pequeno, se era ali o Arco do Triunfo, isto e aquilo. Atingimos o topo! «Já viste que lindo! Que lindo! Mas custa chegar aqui. É quase como uma curta-metragem da vida. Começamos excitados com a ideia de subir, vamos sentindo desânimo com a ideia de sucessivas escadas e a dada altura, atingimos o topo de nós e tudo é perfeito.» Tinha um sorriso maravilhoso e eu contemplava-a! Gostei de ver o bom momento que ela vivia, notava-se claramente que estava feliz e mais madura, ciente de si mesma.
Dei-lhe a mão e ela encostou a cabeça ao meu pescoço. Estivemos ali uns minutos apenas a ver Paris, sem nada dizer, em silêncio connosco, a sentir-mo-nos bem.
Começava a acumular-se gente e já estava a ficar caótico o espaço e ela olhou-me e eu percebi que era um “vamos”. Descíamos as escadas e ela ia a cantarolar La vie en rose a música que ouvimos pelas ruas, aquelas para turistas que os Parisienses tocavam de acordeão e eu parei a rir-me. Ela rodopiou de sorriso nos lábios. Alcancei-a e segurei-lhe a magra cinta. Ela encostou a testa na minha testa, o nariz dela no meu nariz e num movimento balançado das nossas cabeças, beija-mo-nos. Foi como no primeiro beijo, devagar, devagarinho e sentido. As mãos dela estavam a passar-me levemente pela nuca e eu tinha-a bem segura em mim. Levamos um encontrão forte de um turista e larga-mo-nos. Olha-mo-nos e sorrimos, voltamos a encostar as testas e Cármen agarrou-me na mão e puxou-me. Descemos as escadas numa correria e risadas, parecíamos os dois adolescentes de 16 anos, a descer os Clérigos em dias de cortejo académico. "

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Há dias que perdemos a cabeça

Hoje dormiu melhor, foi o cansaço, foi resignação e essencialmente porque decidiu que tinha de ser. 
Hoje vai sentir que o dia 4 está mais perto e o resto do ano sem a Fenfa é uma certeza. 
Hoje não quis sair da cama. Hoje já deu um pontapé no carro e no suporte do papel. Hoje já mandou o Cão calar. Hoje não respondeu ao Calçadas. Hoje já se chateou com as células. Hoje já quis partir tudo.
Hoje é dia de perder a cabeça, porque houve um dia que a deixou muito envergonhada. Hoje sabe-o! Hoje não é um bom dia. Hoje é dia de ir dormir, assim que conseguir.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Remake do "3"

«Ela  não se lembrava exactamente  mas sabia que já o tinha usado uma vez. Procurou. Encontrou.
A 30 de Julho de 2012 escreveu sobre os "3 dias". Lembra-se como se fosse hoje do que sentiu quando ouviu a teoria pela primeira vez.
Lembra-se que decidiu desde o primeiro momento que teria de adoptar tal teoria. Adoptou-a.
Adopta as coisas que lhe podem vir a ser úteis, como quem guarda trunfos para usar em sua defesa e sanidade mental.
Em Julho usou a carta, hoje não se lembrava porquê.
Por repensar demasiado as coisas, usas os flashbacks ao jeito de Lost para sossegar a alma. Viu-se lá: estava sentada ao lado dele, no chão a ouvir Russian Red embalada no doce o momento de simplesmente estar. Marcou-a.
Levou-lhe 3 dias para exteriorizar e voltar a ter a realidade ajustada.

Voltou a falar tão recentemente nisso.... Que quando deu o pior presente de natal que alguma vez imaginou ainda por cima a ele, sentiu as horas negras voltarem-lhe.
Sendo ela o Pai Natal dos que estão no coração dela, deu um tiro no próprio pé, sabe disso. Dói! Doi-lhe lembrar-lhe o olhar dele na estrada, longe dela, triste.
Não pára de voltar lá, aquelas horas. Não pára de se sentir lá protegida nos braços dele mas a perceber o abandono que se seguia.

Voltou ao que um dia ouviu:

«“I heard in one of these lectures about an experiment where they give guys a pair of glasses that make them see the whole world upside down, but after three days, guess what? They see everything right side up. And then they’d take off their glasses and they see everything upside down again. For three days. And then Eureka, back to normal.


- Yes, it takes the brain three days to adapt.



- Three days…three days for the world to turn right side up again.”»



Espera que o  turn right side up seja melhor que o da última vez.»


Natal #3

Ainda se batem palmas, o tom e as conversas ainda são para o pequenino. Palavras simples, risos, incentivos e brincadeiras. Há restos de papeis de embrulho e caixas vazias aqui e ali. Carrinhos, muitos carrinhos! Brinquedos de todas as espécies e feitios. Doces, petiscos e migalhas por todo o lado. Ainda há natal aqui. O pequeno S. destruidor salta, grita e brinca, ele faz o natal sozinho e nós senti-mo-nos mais pequeninos com ele. Deixamos a euforia entrar-nos na pele e sermos capazes das mesmas brincadeiras adequadas aos pequeninos 2 anos dele.
A melhor parte é ele saber que eu consigo ter a idade dele, ser o braço direito dele no micro-terrorismo, na soneca da tarde e nas brincadeiras com carrinhos. Somos os pequeninos da casa e fazemos do natal a desculpa para rir à gargalhada.

domingo, 23 de dezembro de 2012

...



"Se por acaso me vires por aí
Disfarça, finge não ver
(...)
Depois suspira e diz que esquecer
É a tua profissão!"

sábado, 22 de dezembro de 2012

Embrace yourselves winter is coming

«O Inverno chegou, o fim do mundo não se deu e voltei à paz com o Burro que quis ser Cão da Pedra. Partiu-se muita coisa pelo caminho e não vai ter volta, mas pelo menos a minha raiva foi embora com o Outono.
Deixei lá trás porque o meu coração está mais calmo, menos pisado e menos importado com o que vem rodopiando em torno de mim.
Para mim congelei na madrugada de quinta e só volto a acordar quando me apetecer. E ainda não me apetece.  Foi tão bom. Soube tão bem. Senti-me de mãos dadas, sem tocar nele.
Foi fácil de estar, de rir, de falar, de olhar-lo. As curtas foram demasiado longas e a viagem de carro demasiado curta, mas no fim as horas pareciam paradas... Em pequeninos momentos via-o preocupado e eu tagarela a tentar fazer-lo falar, trazer-lo para longe disso com assuntos para o prender. Falei muito, na volta falei de mais. Quase tudo foi fácil, só sair do carro é que não.»

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

bocadinhos de nada

Há alturas de ficar calada, quase como quisesse fechar olhos e ficar no escuro. Assim, simplesmente eu. Ali,  quieta, talvez só com uma musiquinha de fundo ao de leve, que de tão suave que é não me incomoda. Depois não me apetece falar, nem responder, fico quase hibernada em mim, uns minutos, tem dias que são umas horas... e como veio, volta e passa.
Não estranhes cão, são meus os silêncios e quebras, mas não significam nada.
São bocadinhos de nada.
Depois volta a tagarela, a risinhos, as loucuras e os saltinhos. Não é folia, não é fase, não é criancice, é ser-se eu com todas as pieguices, vergonhas e sacarmos que vêm no pacote.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"Oh Christmas lights keep shining on!"

«Pai Natal,

Não deve ser a primeira vez que te escrevo e  a última também não pretendo que seja.
Outrora nos meus 9 ou 10 anos devo ter alinhado na sugestão de uma professora ou de uma amiguinha e de caneta em riste, papel e acreditar. Escrevi-te, pedi-te e acreditei em ti. 
Algures nesta grande viagem devo ter suplicado por um brinquedo qualquer, por alguma coisa que fazia sentido e me alegrava mais que tudo. 
Nesse tempo a magia deu-se, tenho a certeza!  E eu certamente dei saltinhos, ri até ao infinito e abracei pais e irmãos como se tivesse a abraçar a ti, agradecendo por transferência de calor humano, da família para ti, a felicidade mágica do bater das 12 baladas e papel de embrulho rasgado no chão a 24 de todos os 25 Dezembros que vivi.
Agora crescida continuo a gostar da magia, do rasgar do papel, das surpresas, da música, dos sorrisos e do acreditar. É o acreditar que me faz querer fazer isso também, alegrar corações, abrir sorrisos e dar calor há alma.
Os meus pozinhos de magia assentam na magia das pequenas tradições algumas novas outras já firmemente em acção: os doces, as camisolas, os postais e as surpresas e eu e as músicas de natal em loop
Por isso, este ano a lista de magia para dar aumentou um bocadinho e isso alegra-me! Alegra-me incluir muitos numa magia universal contigo, comigo e com todos. 

Querido Pai Natal para mim o natal é isso: as luzes que continuam a brilhar em cada um de nós.
Antes de me despedir, aqui fica o meu pedido: quero continuar a fazer magia contigo porque me faz sentir mais feliz, mais eu, maior e mais inteira, mesmo que os outros me achem uma mariquinhas! 
"(...) a lua toda brilha porque alta vive." FP

Beijinhos,
 Freckles»

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Natal #2 - PPC 2012

Chegou hoje! Da ilha e que giro que foi! Fiquei contentinha com a surpresa!


PPC 2012 ao poder!

domingo, 16 de dezembro de 2012

natal #1

Adormeci de mal com o mundo e com a ideia de não mexer muito a cabeça para não estragar o cabelo, pois a apresentadora tem de do mínimo ter imagem, basta conhecer a Cláudia Vieira, boa cara, pouco conteúdo, para perceber o conceito.
Nas dez horas de sono tinha ainda detritos de um dia a carregar bancos, a decorar mesas, palco, restos de cola quente nos dedos e dentes com bocados de fita cola. Detritos de desilusões e sentimentos pouco felizes.
Acordei de tromba gigante que se arrastava comigo e deixava o rasto no chão ao longo de toda a casa. Resposta torta ao pai, resposta desinteressada à mãe, cara de poucos amigos e olhos inchados para todos. Acordei com "os pés de fora" e ser apresentadora numa festa de crianças a engonhar de saltos altos, com um vestido que me deixava meia coxa de fora causava-me ainda mais agonia. Era o coordenar crianças, birras, pausas, percalços e pais... que situação, só de pensar nela, bolas! Era a última coisa que eu queria.
Lógico que não havia muito a fazer a não ser fazê-lo.
Então de microfone na mão, improviso na outra, acabei por esquecer que o dia tinha começado desajeitado e passei a saber divertir-me comigo mesma, com o risos dos pequenos e a bagunça de uma festa.
Fim de festa, crianças fora, ficou o sossego e a desordem. Na desordem de tanta fartura decidimos distribuir os alimentos por aqueles que aqui, neste pequeno pedaço de terra com pouco mais que 3000 habitantes, têm necessidade. No fim trouxe a tristeza comigo, diferente da que acordou ao meu lado, mais dura, mais real, menos minha, mas tristeza à mesma.
Mais uma vez percebi que as minhas birras deviam ter vergonha de si mesmas e mudarem de rumo. Talvez a vida não seja simples mas nela precisamos de simples coisas, e uma dessas coisas é família, é o suporte. Ás vezes basta a família para nos libertar da pobreza. Aqueles que mais sofrem estão sozinhos, é uma solidão que mata, é a solidão que assusta e nada traz de bom.
Voltei deprimida ao calor da casa!

sábado, 15 de dezembro de 2012

há dias que chove a cântaros

«É a ironia do que a chávena indica "kepp smiling" o que o espelho das gotas que se encaminham lentamente aos lábios reflectem. É o movimento sem razão do dedo na falha e o vapor do chá que vai subindo enquanto está quente. É a música que em nada me alegra. É um todo que me lembra que a vida não é simples como dizes.
São as horas mortas, os tempos calados, os menos acesos sorrisos e os inconscientes baixar da cabeça que me fazem ter as certezas que sou mais do que suspiros e que sei soar mesmo sem o vinil. 
Há dias que chove a cântaros e que o mundo mesmo assim anda para a frente.»

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

pico-toque

Num nano-momento que se toquem, que se sintam. Que gire ele nela, que soem juntos, que criem ondas, que transmitam aquilo que naturalmente executam. Que ele existe com ela e que neles não exista a dúvida do que querem. Que se façam ouvir: “Viver, é o ultimato da resposta da música de nós”.

Não soam se ele partir!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

não penses mais nisso #2


"Não sou mais do que um fundo poço.
Sou extremista em individualismo, em determinação, em teimosia e em solidão.
Em egoísmo, em ambição, em amor-próprio.
Desafio-me com facilidade para lutas cegas, exijo sempre metas distantes, invejo todo o saber, autorizo-me a qualquer tipo de iniciação. Tudo me urge. (…)

Se eu própria me bastasse, fugiria para sempre.
Do teu corpo, das mãos quentes.
Mas sou frágil como um grão de neve. Derreto-me com leves sussurros e a ternura estonteia-me. Sofro de constante abstinência de amor."

Talvez sejas mais impossível do que eu gostaria que fosses, mas a gente vai continuar.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

escadas

Pronto, basicamente as coisas descarrilam, as coisas vão há vida delas voltam e baralha-nos. Os resultados ultrapassam-me e não fazem um real sentido. Deprimo e penso nas escadas, nas vezes que o meu 40 de degrau a degrau viu-se por mim obrigado a pisar a escada.
Relembro como elas são penosas, como todo o percurso me aborrece: subir virar à esquerda, virar à direita e entrar. Fica-se verde durante uns minutos, umas horas ou o dia, depende dos passos que o livro vermelho me relembra. Ao percorrer o mesmo caminho na volta passo por quem gosto de rir, por quem gosto de fazer rir, por quem passava bem sem ver e por quem o nome não sei dizer.
Sento-me e percebo que tenho de começar tudo outra vez. Suspiro e a minha persistência ganha-me, faz-me querer aceitar que a subida é penosa mas é sempre um desafio, como todas da vida.
Quando subimos é para descermos de um nobel price na mão, seja ele qual for, seja o propósito que for. Aqui, ali, lá longe ou além. Porque quero  mantê-las vivas, porque subi ao cimo de ti, porque subi pelos sorrisos de estranhos, porque subi para ler o jornal. Se subi é para trazer o prémio da satisfação, e que seja a satisfação traduzida na simplicidade de um bom café, o que interessa é que tenha valido a pena.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

grrrr

«Sou uma pessoa que precisa de saber. Saber se é certo errado. Saber o que os outros pensam. Saber se o meu saber é o melhor ponto de vista. Saber se festejo ou se me afogo em lágrimas. Saber dos outros. Saber-lhes os gostos. Saber agradar-lhes. Saber tê-los. Saber que não quero. Saber que não os quero. Saber que agrado. Saber que gostam de mim.
Antes de sabe-lo imagino-o de várias perspectivas e fico horas na cama a sentir um bando de emoções atravessarem-me, sobrevoarem-me como gaivotas na alvorada do dia, junto ás docas com aquele piar, com aquele som ensurdecedor e agudo de fome e agonia.
De ar desgastado de quem adormeceu em cima da hora de acordar, com olhos de que tudo é negro, dado tais olheiras, sinto-me naquele sitio, o sitio de quem nada sabe. Ora hoje é dia de rosnar.
"Do you konow where the wild things go?"


sábado, 8 de dezembro de 2012

violinos no telhado

«Numa primeira inspiração sobre o que a segura aqui, sente que é tudo. Numa segunda inspiração começam a aparecer as excepções. Após uns segundos, é o "quase nada" que lhe enche os pulmões.
Apesar de ter sido um ano vivo, as inseguranças mordem-lhe os medos, causam-lhe desconforto. O formigueiro nos ossos que prevêem o frio, vem em vagas e teme que seja um ano atípico, a excepção à regra, porque uns vão, outros desaparecem com o rumo das próprias  vidas e os que cá ficam, ficam  e não podem abraça-la de peito aberto, de coração sentido e de braços apertados. Os abraços ficam-se pelo despedir lento, do que havia mais para dizer sem nada da boca sair... Em silêncio, tudo absorvido em sons tristes de pés que se afastam contrariados e pouco paralelos no movimento, em forma de protesto. 

Enquanto caminha e se afasta , enquanto sente degrau por degrau, os violinos começam a ajeitar-se ao queixo, a melodia forma-se no exacto momento que tudo em conjunto se move: o batimento do pé, o arquear dos dedos, as vibrações das cordas, a força do arco, o som produzido com o eco na pequena caixa oca de madeira, o delicado e sensual movimento do corpo, a dança ritmada da cabeça e o  fluir do queixo. Tudo por um som sublime. Tudo num movimento orquestrado, apaixonado que nos permite fechar os olhos e senti-lo sem o ver.
E de olhos fechados quase tudo é mais fácil. O sentir. O cheirar. O querer ficar aqui, na pele quente da face com face, de mãos nas mãos, no balançar do calor que consome e que arde mesmo de olhos fechados.
São três segundos de sorrisos nos lábios que a fazem sempre querer voltar por mais e por mais tempo, e por mais intensidade, e por mais definição, por mais e mais.

"Talvez na tua fantasia, talvez no teu sonho acordado, quem sabe fosse amanhã o dia de ouvir violinos no telhado."

E faz-lhe quer ficar pelo tudo, pela excepção, pelo "quase nada"... apenas a faz querer ficar.»

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

vem fazer de conta

Tentando manter em mim uma certa consciência de que é cada vez mais difícil esconder-te, ainda assim, queria-te mais meu, porque corro sempre que alguém percebe que existes. Não tenho vergonha de ti pequeno, não, não tenho! Tenho vergonha de parecer diferente, transformada no mundo das letras, e de causar expressões faciais seguidas de um "sobreolho levantado" em verdadeira haste, como quem estranha o diálogo, a tombar para o monólogo, ainda mais quando estes acontecem com um cão.  
Mas caros leitores e querido pequeno, isto não veio do nada, antes de ti existiu uma parede de um quarto, e quando a parede teve de sofrer uma pintura, existiu o caderno, existiram as folhas soltas, as solas das sapatilhas ou mesmo as calças de ganga enquanto estava sentada numa esplanada.
Sempre foi uma necessidade aparvalhar com palavras ou rabiscos, nunca consigui deixar os pensamentos desvanecerem com o tempo, tenho de os marcar aqui e ali, porque eles existiram e consumiram-me, fizeram parte e a maioria continua aqui, em mim!
Mas pequeno não temas, tudo trás jogos de cintura e tu não foges à regra: o problema de seres público é o mesmo o problema de crescer. Quando crescemos deixamos de ser espontâneos  medimos o que dizemos, pensamos duas vezes, agradámos quase incondicionalmente porque temos "educação". Depois a hormonas e a educação trazem as restrições.  
Se és crescido podes deixar de ser autentico, mas pequeno, para já não, ainda não, ainda és uma criança e as crianças são como os bêbados, não têm consciência, portanto tudo é certo.
Tu ainda és certo, como muita coisa aqui, ainda vives em mim. 



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

há dias assim!

"há dias tão grandes que parecem um mês inteiro. há dias que passam num abrir e fechar de olhos. há dias para esquecer. há dias para lembrar. há dias simples. há dias, meu deus, que são uma confusão. há dias silenciosos, metidos nos seus botões. há dias que dão vontade de falar. há dias cheios e dias em cheio. há dias quase vazios. e dias que mudam as nossas vidas. há dias em que só pensamos no futuro. e dias em que temos saudades de quase tudo. há dias comgrandes manhãs. e dias que se prolongam pela noite dentro. há dias ensonados. nublados como sonhos. há dias reais. dias irreais. há dias cheios de amigos. e outros mais sozinhos. há dias em que chove a cântaros. há dias em que perdemos a chave. e dias em que perdemos o autocarro. há dias em que o rei faz anos. há dias de greve. de trânsito e engarrafamentos. há dias de eleições e de novos governos. há dias sem carros. há dias da mãe, do pai e da criança. dias da música, da água e da dança. há dias em que perdemos a esperança. há dias em que cruzamos os braços. e dias em que arregaçamos as mangas. há dias em que ninguém nos cala. há dias em que nos apetecia mandar nisto tudo! há dias em que temos vontade de partir. e dias em que temos vontade de voltar. há dias coloridos e dias a preto e branco. há dias negros (verdadeiramente maus). e dias azuis. há dias trágicos. há dias em que aprendemos uma palavra nova. e dias em que temos uma palavra mesmo debaixo da língua. há dias em que tudo são sete cores. os pássaros, a vizinha, o senhor do talho, as flores! há dias bons para andar de bicicleta (e de triciclo). há dias em que perdemos a cabeça. há dias em que começamos tudo do princípio. há dias que já lá vão. há dias que nunca chegam. há dias em que contamos os dias para as férias. há dias em que temos orgulho do nosso país. e outros em que nos deixam muito envergonhados. há dias de cerimónia. e outros em que nos apetece andar descalços. há dias que passam a correr. e outros que vão andando... há dias de surf. e dias de sofá. há dias em que não fazemos os trabalhos de casa... e dias em que partimos o mealheiro. há dias que esticam. há dias que deviam durar para sempre. há dias em que nos apetecia mesmo dormir debaixo de uma grande árvore. há dias em que precisamos de um café. e dias em que precisamos de um abraço. há dias em que fazemos um amigo. há dias em que as coisas andam para trás. e dias em que o mundo anda para a frente. há dias que pedem uma banda sonora. e dias em que apetece cantar no duche. 
... e melhores dias hão de vir."

domingo, 2 de dezembro de 2012

ouvi dizer

«Existe um ele e uma ela, aqui, ali, ao virar da esquina, na casa do lado, do outro lado da rua, na cidade e no campo, neste continente ou num outro qualquer.
Existem um querer maior que é magnificado por tudo que nos rodeia enquanto crescemos.
O poder que nos leva ao cinema, que nos leva à música, aos livros, ás conversas, ao sonho, ao expoente da nossa loucura.
O poder que nos move, que nos faz dramatizar, que nos consome e que muitas vezes nos destrói. O poder de Romeu e Julieta, o poder do Manel e da Maria.
A dança dos nossos dias, os actos e ditos dos nossos corpos, boca e pensamentos.
Tudo por essa coisa, por esse ópio que ninguém condena e toda a gente procura.
Talvez seja mesmo isso, o fatalismo em si, que tudo não passa de uma doença e tudo nos leva a acreditar ser a nossa cura.
Existe o ele e ela e neles existe a dúvida do que querem.
Viver, seria o ultimato da resposta.»

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

o certo

Vi O caos na cabeça dela. Entre a felicidade de saber que existiu, existe, não sabe! E o desespero de cair no poço do "toma lá que é para aprenderes" mais uma vez, ri. Sente-se sem os pés no chão! E corre, corre em pensamentos "ai que isto não pode ser!". Não há coerência, queria que ela soubesse ser menos ela, lá de vez em quando.
 «Continuamos com 17 anos. A tentar ver-nos um no outro, a tentar encontrar o sorriso e a tentar estar lá mesmo quando não devíamos. Continuamos a querer, mas sem nos comprometer. Apanhaste a chuva por mim, e eu quis-te lá, quis deixa-los por ti.
Estava "alegre" entre outras coisas e só te via a ti. O "main goal" eras tu. E entre percalços, os risos, Gangam Style e minis lá te tive ao pé de mim. Sorrisos, histórias, eu ali meia perdida entre ti e o resto que pedia atenção. Não vi nada, nem pinheiro, nada!
Depois veio a aventura de um carro sem bateria, uma Polícia sem cabos e uns Bombeiros sem meios, um serviço publico inexistente. Vieram as risadas de quem vê tudo como uma "prova conceito", e de quem teme que vá acabar a noite a ligar ao pai para ajudar o menino "dela". Mas não, lá veio um desconhecido e mostrou-nos que ajudar os outros é essencial, principalmente quando o carro não pega!
No momento da verdade, encolhi-me, sei lá, tem de ser certo, tem de ser sem consequências. Tenho de estar lá, eu, sem aditivos, por isso, amigos como dantes. Tenho é medo de o afastar por o querer puxar para mim».
Vá lá, puxa para ti, que já ninguém a atura!


terça-feira, 27 de novembro de 2012

tínhamos só 17 anos

«Algumas histórias começam pelo fim, a maioria pelo início.
Os grande livros começam pelo meio, vão explicar-nos o início e terminam quando nos deixam a sonhar com o fim. 
O fim é sempre o lugar onde queremos chegar um dia. Não tem de ser já, não é preciso ser já! Não quero lá chegar ainda. Os entre-tantos têm de ser vividos e apreciados, entre o Início e o Fim estamos lá, nós, crus! Queremos saber amassar o pão, queremos sentir a felicidade nas pontas dos pés, queremos saber-nos bem a lutar por isto, por nós, pelo ar, por seja lá o que for. 
E o início parece termos dado os mesmos passos, usado o mesmo pé, rir do mesmo e brincar da mesma forma, tu de caneta na mão e eu de pescoço riscado. Parece termos dançado o mesmo pulsar enquanto sonhávamos. Ainda hoje me faz sorrir a minha alegria por te ter ali, sentado de olho em mim. 
Mas naquele início ficou marcada a mesma insegurança e o mesmo silêncio. Trocamos olhares, vontades e sonhos sem nunca o revelarmos... o nabo e nabiça! Dormimos juntos, sonhamos juntos, quisemos juntos, perdemos tudo, juntos, mas ainda o lembramos, juntos!
Depois do início começamos os "entre-tantos" e estes foram vividos separados, a distâncias bem medidas pelo sentimento de fracasso para mim e de confusão para ti. 
Tu caminhaste em frente, eu deixei-me ir ao sabor do vento. Tenho a sensação que nunca caíste no desespero de não ver o caminho, sinto que nunca viste horas negras, sinto que não conheces o vento frio nas faces e o medo de não saberes aquecer-te e remares sem rumo. Pareces-me sereno e equilibrado, não pareces eu... e que bom que isso me faz sentir.
Pareces bem assim, sem mim. Vi-te olha-la como queria que me olhasses assim, à procura do meu olhar, depois apenas a saber ver-me.Vi-te bem e sorri! 
Fiquei bem por ti, por te sentir feliz, mesmo que sem mim. Eu errante e tu bem! Vi que era certo para nós, da forma mais distorcida, sem mal nenhum! Que estejas bem que eu não estou mal.
Vieste ter comigo num tropeço dos "entre-tantos". Quisemos trocar gostos.
Ouvi a tua música e quis vive-la contigo e aos poucos, senti que tu comigo. 
Ainda estamos a meio dos "entre-tantos" e não peço nada. Mais do mesmo é bom, é mais do que tive até hoje.
O fim? O fim sonho-o sem o desejar! 

"Em frente à lareira, de pantufas quentes, confortavelmente na poltrona, de mantinha e gato no colo, a ouvir a grafonola tocar Penguin Cafe Orchestra e com a tua mão na minha, os meus dedos seguros nos teus, tu comigo e eu contigo, o teu amor e o meu, velhinhos". Velhinhos porque era o fim da história mas não de nós!».



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Dança dança#3

Então a gente fala. A gente gesticula. A gente sorri. A gente contorce-se no chão e sente o chão em nós. Dói, fica marca e o movimento não saiu bem. Vamos mais uma vez, de olho nela, a professora, ela já nos começa a reconhecer e a prever as nossas dificuldades e mantém-se atenta e ri-se e corrige e no fim fustiga o medo, a vergonha, o intimismo de não querer mostrar aos restantes colegas quem somos.
Olha de canto e faz-me sentir pequena.
Redefine uma frase para a tosca, eu, e faz-me melhorar um movimento e esquecer aquele que não sou capaz. Não gosto, mas obedeço, ela manda!
Continuo e a minha disposição volta a mim. 
Concluo que aquilo faz-me bem, mas eu tenho e preciso de o fazer melhor!
Para isso tenho de sair e expor-me, mas isso dói na alma.
Tagarelei o caminho todo coma Alternativa e ela ouviu-me mas não soube falar-me.
Mas tu sim, se calhar porque não estava à espera que quisesses opinar ou saber. Deste a tua opinião e pedis-te me para não ter medo e se fosse tão impossível assim para criar uma outra Piquena e que  a interpreta-se.
Caiu-me o queixo! Nunca te conheci assim, aberto ao diálogo e falador. Se conheci esse J esqueci-o! Não!Comigo não! Comigo não eras assim se não eu sabia-te reconhecer. Mas eu gosto, é refrescante. Obrigada por mo lembrares! !Que não é preciso ter medo e que a zona de conforto não é para os ousados e não pode ser para mim.  
Ter-te mais perto é bom!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

terça-feira, 20 de novembro de 2012

mmmm

Andava Missis Freckles navegando no mundo fantasioso "blogoesférico" quando vê um post aqui sobre as 5 pessoas que mais estamos e como elas nos influenciam de tal forma que nos tornamos como elas. Isto quer dizer que somos uma espécie de milk shake com 5 sabores. E que nós próprios somos um dos sabores de 5 pessoas... Eu sei, profundo pensamento este!
Assim, fazendo contas por alto, ela é uma mistura de quê exactamente? Pai, mãe (já que vive com eles, mas no fundo não passa assim grande tempo por lá), uma Marta e uma Luísa (que o trabalhinho impede que seja mais do que gostaria que fosse), uma Fafense no andar de cima, uma Bijulicious sentadinha ali ao lado e mais uma serie de pequenas participações com Raça, do Cartaxo ou Limianas. É claro que 5 é muito difícil de cotar e normalizar.

Será que alguém vai passar a chorar nos filmes porque é meu amiguinho?  Choose well!

domingo, 18 de novembro de 2012

weekend


É mais ou menos assim: 
Nenhuma caminhada é longa de mais quando os amigos e família nos acompanham!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Missis Freckles fala por si!

Há coisas que nos batem assim de frente que nós nem nos apercebemos que temos, e essas coisas deixam-me "abananada", essas coisas são "preocupações alheias" por nós, mas boas preocupações.
Estou eu com um pé na incerteza, a chegada de Dezembro vem de mãos dadas com um possível desemprego o que nunca é agradável e sempre preocupante, vou assumindo que tudo se resolve. Tento não sentir o medo da contagem decrescente e manter presente que não será o fim do mundo.
Houve dias que a preocupação instalou-se e me arrasou! Digamos que, com o tempo as coisas tornam-se mais maduras em nós e "panicar" não é palavra de ordem e eu tento não mostrar que me aflige. 
Mas para ser honesta, ás vezes esqueço-me que o final da linha "está a ali ao fundo". Como hoje, numa conversa informal entre amigos de trabalho surge o meu espanto quando vejo planos futuros de trabalho que me incluem só porque sim, vá e porque eu posso vir a ter meios.
Mesmos assim, vi preocupação alheia e fiquei sentida, vi alguém preocupar-se comigo mais do que eu mesma e confesso que agradeço muito. Fiquei tão impressionada porque saber que há quem queira mais para nós, que afinal isto não é cada um por si. Isto de ter Amigos é  fantástico, os amigos têm magia e que com eles qualquer coisa faz diferença. 


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

uma história desencantada


Será que algum dia se arrepende?
“Arrepende” pode não ser a palavra correcta, pois pode não ser mau aquilo que uma dia se venha a aperceber.
Sim, “aperceber” é a palavra.
Será que um dia se apercebe?
Bem, mas arrepender certamente não, são 96480 minutos de respirações constantes, de pensamentos e impulsos eléctricos de neurónio em neurónio. É uma carga de conversas e olhares, é tempo, não uma infinidade dele, mas é tempo.
Se fizesse o desenho no papel ou se torná-se a história em conto para uma criança de 4 anos, ela iria achar que era a pior história de sempre. O melhor seria transformar numa fábula e explicar que o burro é isso mesmo e a princesa era uma ostra, porque no final, deixou-se calar.

«Era uma vez uma princesa e um burro. Eram amigos, parecidos, eram fáceis e bem-dispostos. O burro tinha um sonho: ser o cão da pedra; e a princesa secretamente sonhava ser mais, numa maneira despreocupada. O tempo passou e eles ficaram amigos, não era improvável. Um dia o burro armou-se em carapau e princesa em bruxa má. Estragaram tudo, não era para ser assim. O burro cumpriu o seu sonho e tornou-se um cão de verdade, e a princesa assustada, envergonhada e arrependida transformou-se em ostra, calou-se e fechou-se para conseguir manter a pérola dela lá. Ficou triste, a pérola, o coração menos vermelho, perdeu um amigo e olhares tortos dos animaizinhos da floresta. Mas a natureza da princesa era ser forte e determinada, não era ser ostra nem bruxa má. Então quis ir para a guerra e largar a perola no chão, se fosse preciso. Tinha de recuperar os animaizinhos da floresta! Na primeira batalha sentiu-se sozinha e perdeu-a. Na segunda batalha ouviu alguns animaizinhos, foi lutar pelos outros e no final de contas, levou alguns coices mas conseguiu um empate. Hoje ainda está em guerra com o cão, é uma guerra mais silenciosa e mais só, muitas vezes passa por impor com ironias verdades que lhe doem, sorrisos sarcásticos, opiniões censuradas e distância… muitas distâncias.
Hoje é menos ostra, menos princesa, menos ela, é um facto. Mas ele, ele é um burro de trela e açaime. A bruxa má nela fica a mirá-lo de alto, a princesa fita-o de olhos molhados e depois crava-os no chão, triste por vê-lo perseguir um sonho de ser cão que não lhe fica bem.»

Sabendo eu que os 58000000 segundos chegam para tocar com o queixo no chão e magoar, entendo que ele compreendeu e percebeu que o arrependimento por ter perdido uma amiga, por ter se ter permitido a magoa-la a ela, que o ouviu e quis ser amiga dele, não o atingiu de verdade. Bem, isso faz-me querer chorar. Depois faz-me querer chuta-lo por ser assim, porque não era suposto. Não foi isso que ela viu nele. Ela viu alguém bom! Agora que eu penso, viu o que não existe, viu a miragem e o que quis ver.
Ficar triste por isso, ela permite-se, porque perdeu o amiguinho de brincadeiras, de copos, de música, de tudo. Perdeu um amigo porque confundiu tudo e foi crucificada.
O que tem para ele? Não sabe. Depende dos dias. Há dias que lhe apetece percebe-lo e aceita-lo. Há dias que cuspir-lhe na boca por a ter riscado da vida dele, é tudo que o resta nela. E ainda há dias, que sente pena. Pena pelos dois. Pena por todos! Por terem confundido tudo, magoado todos e por terem criado elefantes gigantes entre eles.


Uniform

Não é uma questão de fugir do que se quer, é uma questão de fugir porque não se pode e continuar de sorriso nos lábios, de bem com a vida, de sentar, encostar as costas e desfrutar, de ficar de barriga cheia, quentinha e satisfeita.
Depois o drama é do "fruto proibido" que nos persegue e que lá no interior da massa cinzenta, é que a fantasia veste a roupa a preceito e tudo fica melhor e mais tranquilo, no momento de fechar os olhos, porque ali no limbo não há restrições nem sinais verticais ou luminosos a nos aconselharem a parar porque ali, é local de cedência de passagem não de STOP.
Não é um drama, não é nada que seja impeditivo de respirar, é uma espécie de micose que aparece e teima em ficar e querer fazer o seu papel: irritar.

Mas como sempre que as mãos estão atadas e mesmo contorcer fica difícil o melhor é deixar andar e aproveitar o que de bom vai aparecendo, como estar de volta à música menos estereotipada, "old good Freckles is back!"



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Põe-te em guarda


Disseram-me um dia, Rita (põe-te em guarda)
aviso-te, a vida é dura (põe-te em guarda)
cerra os dois punhos e andou (põe-te em guarda)
e eu disse adeus à desdita
e lancei mãos à aventura
e ainda aqui está quem falou

Galguei caminhos-de-ferro (põe-te em guarda)
palmilhei ruas à fome (põe-te em guarda)
dormi em bancos à chuva (põe-te em guarda)
e a solidão, não erro
se ao chamá-la, o seu nome
me vai que nem uma luva

Andei com homens de faca (põe-te em guarda)
vivi com homens safados (põe-te em guarda)
morei com homens de briga (põe-te em guarda)
uns acabaram de maca
e outros ainda mais deitados
o coveiro que o diga

O coveiro que o diga
quantas vezes se apoiou na enxada
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu para nada

E um dia de tanto andar (põe-te em guarda)
eu vi-me exausta e exangue (põe-te em guarda)
entre um berço e um caixão (põe-te em guarda)
mas quem tratou de me amar
soube estancar o meu sangue
e soube erguer-me do chão

Veio a fama e veio a glória (põe-te em guarda)
passearam-me de ombro em ombro (põe-te em guarda)
encheram-me de flores o quarto (põe-te em guarda)
mas é sempre a mesma história
depois do primeiro assombro
logo o corpo fica farto

O coveiro que o diga
quantas vezes se apoiou na enxada
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu para nada

terça-feira, 13 de novembro de 2012

We'll run wild

Depois da tempestade num copo de água com não mais do que 50 mL, vem o vento brando nas faces, as luzernas de sol nos olhos, o nariz frio, o calorzinho dos cobertores, a comida quente e pesada, o cheiro a canela, as luzes brilhantes, os alarido dos enfeites, os sorrisos por nada, a vontade de ser solidário porque nesta época é mandatory e o balanço. O balanço de quem gosta de ajustar contas. Missis Freckles é pessoa para fazer inventários e ver em suma, o que se deu este 2012 e o que ainda pode dar.
Veio com a conversa de querer e de temer não conseguir: «Tenho intenção de assinar o ano 2011, fazer um pregaminho e rubricar o que ele foi, este grande ano que parece que tem pernas de Usain Bolt e de cada passo trouxe velocidade, intensidade e explosão, por isso, quero-o ali, a lembrar-me que existiu. Acho que passou a uma velocidade pouco aconselhável e cardíacos ou a pessoas que têm direito a um aviso especial antes dos filmes no cinema, pois podem ser "sensíveis a luzes intermitentes que podem desencadear crises em pessoas que sofram de epilepsia fotossensível", porque este ano foi assim, tanto piscar,  tanto flash e "eventos sociais" que parece que nem absorvi tudo e tenho alguns receios por isso.»

Diz que vai fazer uma lista! Já foi pessoa de listas, das verdadeiras listas de incentivos pessoais que colava na parede em épocas de "Drama Queen". Depois quis crescer e deixou-se de se importar, percebeu também que "desligar-se" também não é crescer. Sexta pensou em listas e hoje disse "lista". Esta lista é sobre achados, as outras eram sobre perdidos.

E ela continua a correr com eles!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

dança dança #2

Missis Freckles deitada na cama, coberta por 1001 cobertores e de cabeça encolhida fala das dores musculares, nos hematomas nos ombros, nos antebraços e nos joelhos. Deixa-se ir e confessa-se. Isto de dançar anima-lhe  a alma:
«Estava no -1 e no meio de carvão, um dedo apertado e máscara por causa do pó, o youtube faz-me companhia. Cismei em determinado tipo de musica e fiquei ali presa entre pó preto e música folk. Isto porque, ainda não é do conhecimento geral, porque a maioria das pessoas ri-se na minha cara, mas vá: pratico dança contemporânea. Sim sim, sei o que o António Raminhos acha sobre o contemporâneo.
Então gosto de me imaginar uma bailarina, livre e tento ao máximo não pensar muito sobre como as pessoas me olham quando me "balanço" e tento esticar um perna, encolher a púbis e empurrar o cóccix para o chão. Usar a força abdominal que consigo, redopiar os ombros no chão, passar os braços por baixo do corpo e deixar o movimento fluir sem muita premeditação anunciada, porque a ideia é ser o mais natural em nós possível.
Sendo eu desajeitada e sem qualquer formação no âmbito da dança ou arte, acabo por me divertir mais com a minha falta de jeito do que com outra coisa mais... Bem, na verdade, se assim fosse não seria bem o meu ponto alto da semana. Entrei lá de cabeça cheia, várias vezes, e saí leve que nem uma pluma.
Acho que me apaixonei por isto!»


domingo, 4 de novembro de 2012

é tudo um jogo: hoje um pi(C)ão, amanhã quem sabe um cavalo

Em certos momentos, eu mesmo, o Cão, tenho dúvidas sobre o horizonte. Talvez olhá-lo seja danoso (gosto da expressão por ser brasileira) para a saúde.
É a linha definida que define o indefinido. Causa estragos não ter livre-arbítrio.
E depois, de um momento para o outro as pessoas sentem um necessidade extrema de serem melhores que nós e mais felizes que nós e realizadas que nós. E não!
As pessoas continuam as mesmas, mas nós não... porque olhamos a ténue linha do horizonte e ficamos deprimidos e oprimidos, porque estão longe os dias fáceis, de responsabilidade nula e decisões a baixo de zero.... Chegaram os dias de mãos secas do vento sul que passou e nada deixou.
E torna-se lógico que a envolvente seja agreste e a felicidade dos outros igual à de ontem, seja irritante hoje. Ainda mais em tempos incertos de ir ou ficar... o medo faz-nos sós.
Fazendo bem as contas, tudo fica mais escuro, como quem vive a meia luz. Ora é a música menos alegre, ora é a falta de apetite e uma vontade louca de estar ocupado. 
Correr à volta do jardim já não me chega. 
Entrar e sair da casota aborrece-me. 
O telhado, as estrelas e os livros a meia luz deixaram de me aquecer o coração. 

Mind the gap (expressão "blogosférica" da moda) : Missis Freckles detesta xadrez! E desta esta conversa. Arreliei a senhora!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

she don't exist!

"This is the true and impossible story of my very great love. In the hope that she will not read this and reproach me, I have withheld many telling details: her name, the particulars of her birth and upbringing, and any identifying scars or birth marks. All the same, I cannot help but write this for her, to tell her “I’m sorry for every word I wrote to change you, I’m sorry for so many things. I couldn’t see you when you were here and, now that you’re gone, I see you everywhere.”One may read this and think it’s magic, but falling in love is an act of magic, so is writing. It was once said of Catcher In The Rye, “That rare miracle of fiction has again come to pass: a human being has been created out of ink, paper and the imagination.” I am no J.D. Salinger, but I have witnessed a rare miracle. Any writer can attest: in the luckiest, happiest state, the words are not coming from you, but through you. She came to me wholly herself, I was just lucky enough to be there to catch her."

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

dança dança

E a música, como outras vezes ditas, faz-lhe falta, faz sentido nela e ela gosta!
E canta! Não há tímpano por esse mundo fora que esteja à altura de tal voz melódica à escala do cacarejo de uma galinha.
E dança!  Mais uma vez, não há íris por esse mundo fora capaz de apreciar a verdadeira extensão dos dotes e movimentos de quem é completamente descoordenado e a dita "sensualidade" essencial a quem dança seja um elemento excluído à priori no que ela consegue, assim que o bit da música a faz bater o pezinho toda a elegância que alguma vez ela possa ter demonstrando lá se vai, e fica a dislexia do movimento.  Mas ela bate o pezinho, abana-se, salta, faz (uuuuu com a voz) e continua com um braço para a frente e outro para trás, imita o pior break dance que ela viu e a diverte-se assim, sem limites de se achar ridícula e  de gritar mais do que "cantar". No meio desta insanidade dela há sempre quem ache vergonhoso, quem a ache exibicionista e quem alinhe e ache hilariante. Na maioria das vezes o gosto intrínseco acaba por ganhar e ela esquecer que sim, que há pessoas a olhar. A múscica passa longe de Guettas e deuses do "abanat-te baby" ou "viva a calça branca". É no indie pop/rock que ela respira a inspiração dela, nas musicas de um folck que se encontra e num rock bem sentido que se perde.Vá, coitadita, é feliz assim!

PS: os Kings of Leon são uns fixes, vêm a Portugal! Come on down and dance, If you get the chance!



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

segunda-feira

7:15h e estica-se e encolhe-se. Sente frio e começa a ouvi-los, nas suas guitarras electrizantes que ainda só existem no inconsciente dela e cada vez ouve-as mais, sai-lhe da boca o refrão  «highway to hell1» ainda em voz rouca... Rebola e tira um pé fora do sonho e a seguir a isso é a água, o frio de roupa lavada, o pequeno-almoço quente e a correria de fazer render 45 minutos. Eles acabam por não render, por 6 minutos, enfim, para uma segunda-feira é de ter orgulho.

Previsões para mais uma semana: «Só no fim do jogo!».

sábado, 27 de outubro de 2012

uma hora por semana, faz bem à alma

Ela começou em 2007 por ali... ali porque queria fazê-lo mas sem saber muito bem porquê. A motivação era oculta, queremos ser sempre melhor, mas talvez as lágrimas  que a inundaram por causa do MD e o ar marinheiro dele foram o grande impulso, foram a motivação.  A dor de peito, os momentos de profunda angústia e perda que a levavam a suplicar clemência, os dias negros! 
Foi o coração partido, se calhar... E ela precisava de ocupação e começou a procurar... Procurou nela pequenos momentos de "mente ocupada"  e foi com alegrias alheias, com risos, com perguntas, com barulhos, cadeiras arrastar e gritarias onde encontrou paz. 
Começou a apanhar-lhe o gosto de ter o sábado à tarde garantido para eles e de realização para ela. Ganhou-lhes grande carinho!
Hoje agradece-lhes secretamente por a terem segurado num grande momento de escuridão. Foi uma vitória sem saber que lutava por ela. 
Neste mesmo hoje quer mudar ainda mais, quer aprender mais e está mais feliz por ter sido capaz de crescer assim, sem ansiar de mais, sem esbracejar demais. Deixou-se ir, devagar, esquecer-se do que implicava, um degrau de cada vez e lá foi levantando-se de mansinho. Isso nela, degrau a degrau é raro! Sabe-o bem. É raro porque ela é intensa e tem de ser intensa até ao infinito, em tudo, até causar dor de cabeça a ela e aos outros. Se calhar não queria ser melhor mas naquela hora de sábado é mais feliz e realizada, e por isso mesmo é melhor, numa hora por semana, mas é! E o bem que lhe faz é maior!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

estava quase tudo bem

Já ela via como passado. Já ela esquecera na maioria da vezes que tinha sido cortada. Já era quase passado! Queria recomeçar.
Já ela sentira uma vontade de querer perdoar...  e assim como estava quase, ouviu que não! Que o "quase" foi para ela, e para ela também foi o embate com a realidade, como que uma frigideira lhe batesse em cheio na cara, no coração, e assim atirou-a para o chão...
Depois esqueceu a queda por umas horas, mas voltaram-lhe nos silêncios o "estava quase tudo bem", ouvi-o gritar-lhe! Agora quer voltar a fechar a cara e cuspir-lhe por ser mau e por sabe-lo ser sem remorsos.
Mas não sabe! Não sabe se o há-de fazer, porque começa a acreditar que ali, a alma é pequena, e assim sendo, não vale a pena voltar a olhar para o chão.




quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Chove

"Chovia, a chuva caía em lenta agonia, mesmo ao fim do dia" é o que o pai cantarola em dias de chuva. Aposta como anda de rádio na mão a ouvir a "radio sim", de um lado para o outro da casa. Tem o jornal aberto na mesa da cozinha para as vontades da leitura,  a televisão da sala ligada a fazer companhia sonora e o computador ligado para cuscar o mundo. Quando se aborrece de tudo procura a Pi. Falam do banal, do que falta comprar, do que viu na internet, do que leu no jornal ou do apresentador que parece mais gordo. Falam das galinhas, que lhes chove e é preciso darem um jeito naquilo.
A Pi acordou depois dele, de cara fechada, espera que o pequeno-almoço esteja a andar. Depois vem os preparativos do almoço, o arrumar da casa, a lida dos animais. Atura o pai e deixa-o dormir a ver novelas, enquanto ela faz a sopa de letras da Dica. 
Envelhecer assim,  desempregados de responsabilidades, ficar em casa quentinhos numa espécie de felicidade escondida em cada gota que embate no chão. Ausentes ao som do dilúvio, separados pela parede branca, o telhado vermelho e a porta de alumínio da escuridão do dia de Inverno.
E tudo está bem, quando acaba bem!

"Chove. Que fiz eu da vida?

Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, 'stou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!"

Fernando Pessoa




segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Linhas cruzadas

Vive na encruzilhada é um facto.
Sendo uma conhecedora do domínio semântico da palavra, sabe que está no meio do "ponto" onde várias ruas e caminhos se cruzam. 
Respira fundo e imagina-se lá! 
No meio, no centro daquele "ponto" gigante, maior que ela, na entranhas dos caminhos da vida dela, no coração das decisões boas e más dela, vê os momentos bons e os maus, os olhares bons, os sorrisos bons, só quer ver os bons! Vê as pessoas boas e más: Vê-se entre elas e quanto imperfeita o é! Ali no meio imagina o conjunto de vidas que a rodeiam como novelos independentes. 
Vê os fios à sua volta e imagina-os na mão: O fio do novelo cinzento e tijolo que lá de vez em quando, em algumas quartas-feiras da vida dela, ela agarra e puxa o fio. Sabe que apenas o segura porque quer e que não significa mais do que, 3 vezes por ano sentir-se irresponsável e com 21 anos; Vê o fio azul e vê a forma da bota formar-se, a nuvem de fumo e o sotaque acentuado de quem fala a cantar. Ouve o riso e a palavra característica que vem em todas as frases. Sabe que esse fio já esteve mais perto e por agora não o pode segurar, são tempos de mudanças e essencialmente de crise; Vê o fio amarelado, o mais velho ali, vê-o a olhar para ela com o sorriso que a derrete só de pensar nisso, mas não lhe pode tocar, não pode ser ela, e numa imagem extrema, não pode ser dela...não pode! Suspira e tem a certeza que deixaria de estar no "ponto"!; Vê o fio laranja, sente um arrepio e corre na direcção oposta. Corre em esforço e sentem-se num daqueles sonhos onde quanto mais corre menos se mexe. Desespera! É laranja porque está em chamas e queimou-a uma vez, queimaduras de primeiro grau. Uma segunda vez e ela seria a Sónia Brasão e só implantes de pele a salvariam. Então esse também não pode ser! E lá ao fundo vê um, sabe que não vale muito a pena e por isso, deixa-se estar.
Senta-se no "ponto", cruza os braços e percebe que não há muito a fazer. É esperar e esperar, não sabe muito bem pelo o quê exactamente.  Pode ser que a agulha de tricô escolha o fio que não rebente no lado mais fraco, porque nisso, a justiça é nenhuma e ela começa a fartar-se de arroz.